Síntese de Sapiens: Uma breve história da Humanidade



Sapiens - Uma breve história da humanidade é um livro do historiador israelense Yuval Noah Harari, lançado originalmente em 2011. Harari é doutor em história pela Universidade de Oxford, especializado em história mundial e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém. Tem como linha de pesquisa questões amplas como a relação entre história e biologia, se existe justiça na história e se as pessoas estão se tornando mais felizes com o passar do tempo. 

O livro busca demonstrar as três revoluções importantes da história da humanidade, a Revolução Cognitiva, a Agrícola e a Científica. A Revolução Cognitiva a cerca de 70 mil anos atrás com o surgimento da linguagem ficcional, o começo da história e quando os sapiens se espalharam a partir da África. A Revolução Agrícola a cerca de 12 mil anos atrás quando da domesticação de plantas e animais e dos primeiros assentamentos permanentes. E a Revolução Científica a cerca de 500 anos atrás, quando do contato dos continentes e ascensão do capitalismo. 

Parte Um: Revolução Cognitiva

Na primeira parte do livro, o autor aborda a Revolução Cognitiva. Antes de entrar especificamente no tema, o livro faz uma breve trajetória e paralelo com outras ciências como a física, a química e a biologia.  Desse modo, demonstra o processo de surgimento da matéria e energia a cerca de 14 bilhões de anos e esse processo contado pela física. Também, do surgimento dos átomos e moléculas e de suas interações e a denominação da química. Só então, há cerca de 4 bilhões de anos a combinação de moléculas e formação de organismos e história dos organismos sendo denominada de biologia. Então, os organismos pertencentes à espécie Homo sapiens formaram estruturas complexas e mais elaboradas chamadas culturas a cerca de 70 mil anos atrás, é quando começa a história

As principais ideias apresentadas nesse capítulo são as de que nós descendemos dos primatas e que nossos parentes mais próximos são os chipanzés, gorilas e orangotangos ainda que isso nos cause espanto e desconforto. Há cerca de 6 milhões de anos uma mesma fêmea teve duas filhas e uma delas se tornou a ancestral de todos chipanzés, a outra é nossa avó (2011, p.18).  Além de que o há cerca de 2 milhões de anos atrás o mundo foi habitado por várias espécies humanas ao mesmo tempo. 

O autor apresenta o custo de pensar para os humanos. Humano que significa animal pertencente ao gênero homo e sobre a diferenciação entre nós humanos e os outros animais. A dependência que um humano tem do outro desde o nascimento. Dá um exemplo de gatos que ao nascerem já deixam a mãe para buscar alimentos e de que nós humanos precisamos, quando bebês, dos mais velhos para sustento, proteção e educação. Ainda de como somos moldados pela cultura ao longo de nossas vidas. 

Outro fator importante abordado nesse capítulo foi o contato dos sapiens com os neandertais. Quando os sapiens chegaram ao Oriente Médio e à Europa encontraram os Neandertais. Então, o livro conta da teoria da miscigenação e da substituição. A primeira seria a de que homo sapiens se espalharam nas terras dos neandertais e houve um processo de mistura e procriação entre as duas populações. Sapiens e neandertais teriam se fundido. A segunda teoria, da substituição, defende que não havia possibilidade de interesse sexual um pelo outro por conta de suas anatomias diferentes e hábitos de acasalamentos diferentes, até mesmo odor corporal diferente. Para essa teoria, as duas populações permaneceram distintas. E com a extinção dos neandertais, seus genes foram extintos também. (2011, p. 31) 

"É bem possível que, quando os sapiens encontraram os neandertais, o resultado tenha sido a primeira e mais significativa campanha de limpeza étnica da história." (HARARI, 2011, p. 34)

Sobre um mundo que já foi habitado por diferentes espécies ao mesmo tempo, o autor nos faz pensar de como seria se os neandertais tivessem sobrevivido e talvez os sapiens eliminaram os neandertais por serem semelhantes demais para ignorar e também diferentes demais para serem tolerados. Os neandertais desapareceram há 30 mil anos.

E sobre o sucesso dos sapiens, Harari (2011) traz algumas respostas possíveis, entre elas a criação de uma linguagem única. Junto com essa linguagem, o autor apresenta a Teoria da Fofoca que garantiu a sobrevivência e o sucesso dos sapiens. Pois, graças a informações precisas de quem era digno de confiança, pequenos grupos evoluíram para bandos maiores. E os sapiens puderam desenvolver tipos de cooperação mais sólidos e mais sofisticados. Outro fator importante foi a contação de história e produção de mitos. Um grande número de estranhos pode cooperar de modo muito eficaz se acreditar em um mesmo mito.

Sendo assim nesse primeiro capítulo o autor apresenta que a linguagem e a capacidade de contar história e criar ficções foi o que garantiu a sobrevivência dos sapiens. A ficção nos permitiu não só imaginar coisas como também fazer isso coletivamente. Os sapiens passaram a tecer mitos partilhados como o cristianismo, os nacionalismos, o capitalismo, o comunismo. Sobre a teoria da fofoca e seus limites:

Após a Revolução Cognitiva, a fofoca ajudou o Homo sapiens a formar bandos maiores e mais estáveis. Mas até a fofoca tem seus limites. Pesquisas sociológicas demonstraram que o tamanho máximo “natural” de um grupo unido por fofoca é de cerca de 150 indivíduos. A maioria das pessoas não consegue nem conhecer intimamente, nem fofocar efetivamente sobre mais de 150 seres humanos. (2011, P. 46)

Por conta dos mitos partilhados coletivamente cria-se uma realidade imaginada, outro conceito trazido no livro. Foi a capacidade de criar uma realidade imaginada que possibilitou a cooperação de um grande número de estranhos. A capacidade de contar, de revisar e de cooperação em bandos maiores garantiu a sobrevivência dos sapiens. Os neandertais caçavam geralmente sozinhos ou em pequenos grupos. Nesse sentido, a criação de realidades imaginadas foram e são o principal componente do que chamamos de cultura. As culturas se transformam e a essas alterações incessantes nós denominamos história. A Revolução Cognitiva é o ponto que a história declarou a independência da biologia.

Harari cita exemplos dos índios barés, para falar sobre culturas e poligamia, por exemplo. Nessa tribo uma criança não nasce do esperma de um único homem, mas da acumulação de esperma no útero de uma mulher, o filho receberia qualidade de um bom caçador, de um bom contador de histórias e de um bom amante. Nesse sentido, faz uma explanação de teorias que defendem a poligamia e outros estudiosos que defendem a monogamia. Nos fazendo pensar sobre os relacionamentos contemporâneos e pesquisas de psicólogos evolutivos sobre os motivos do aumento de divórcios relacionados à vertente de comunidades antigas poligâmicas.  

“Sendo assim, desde a Revolução Cognitiva não existe um único estilo de vida natural para os sapiens. Há apenas escolhas culturais, dentro de um conjunto assombroso de possibilidades.” (2011, p.71)

O autor também trata sobre o domínio dos caçadores-coletores do mundo dos animais, das plantas e objetos a sua volta, mas principalmente sobre o mundo interno e seu próprio corpo e sensações. Os antigos caçadores-coletores eram menos afetados por doenças infecciosas. A maioria das doenças que acometem as sociedades industriais como varíola, sarampo e tuberculose se originou do processo de domesticação dos animais. Do contato de humanos com animais após a Revolução Industrial. A maioria das sociedades agrícolas e industriais vivia em assentamentos permanentes que eram populosos e pouco higiênicos, uma incubadora para doenças. Os antigos caçadores-coletores percorriam a terra em pequenos bandos, o que não alimentava epidemias.

Enfim, nessa primeira parte do livro, o autor vai ainda falar sobre as crenças animistas dos antigos caçadores-coletores. Das entidades de caráter mais local e não universal. E também sobre a necessidade de admitirmos nossa ignorância em relação ao modo de vida dos nossos ancestrais. Podemos ter apenas noções muito vagas sobre aspectos gerais de suas vidas, mas essa é uma das maiores lacunas de nossa compreensão da história humana. Melhor admitirmos que nossa ignorância é muito maior do que aquilo que julgamos saber a respeito desse período histórico.

Os bandos de sapiens contadores de histórias foram a força mais importante e mais destrutiva que o reino animal já produziu. O homo sapiens foi a primeira e única espécie humana a chegar ao continente no hemisfério ocidental, há cerca de 16 mil anos, ou seja, por volta do ano 14.000 a.C. Os primeiros americanos chegaram a pé, o que foi possível porque, na época, o nível do mar era baixo o suficiente para que uma ponte de terra conectasse o nordeste da Sibéria com o nordeste do Alasca.  O autor vai falar sobre a extinção da megafauna australiana, por exemplo, como a primeira marca significativa que o Homo sapiens deixou em nosso planeta. Seguida de um desastre ecológico ainda maior na América e muito mais...

Parte dois: Revolução Agrícola

Na parte dois da obra, Harari vai discutir sobre o processo de mudança dos sapiens de caçadores-coletores para agricultores a partir de 10 mil anos. Ele traz o conceito de domesticação, palavra originária do latim domus que significa casa. A ideia de que o trigo domesticou o homem e não o contrário, pois a partir da agricultura os sapiens tiveram que se fixar em casas. Com o cultivo de trigo e a agricultura houve a multiplicação da espécie, mas contraditoriamente mais pessoas passam a padecer de doenças e má nutrição. A essência da Revolução Agrícola seria a capacidade de manter mais pessoas vivas em condições piores. (HARARI, 2011)

A história é o que algumas poucas pessoas fizeram enquanto todas as outras estavam arando campos e carregando baldes de água. (2011, p.144)

Nessa parte do livro também foi discutido sobre o surgimento dos grandes Impérios na Antiguidade às margens do Crescente Fértil. Civilizações como Egito e Mesopotâmia e legados como o Código de Hamurábi atrelado com a ideia de ordem imaginada que permite pessoas conseguirem conviver de modo eficaz e construir uma sociedade melhor. O que Harari (2011) denominou de ordens imaginadas como única forma pelo qual, grandes números de seres humanos podem cooperar efetivamente. Nisso ele traz outro exemplo mais recentes como a Declaração dos Direitos Humanos.

Ordem imaginada objetiva, subjetiva e intersubjetiva.  A objetiva se refere a fenômenos que existem independentes da consciência e crenças humanas. Ordens subjetivas existem dependendo da consciência e crença humanas, de caráter mais individual. E ordens intersubjetivas são aquelas que dependem da comunicação entre os indivíduos, é uma ligação de consciência subjetiva de muitos indivíduos. Forças mais importantes da história são intersubjetivas: leis, dinheiro, deuses, nações, por exemplo. 

“Não há como escapar à ordem imaginada. Quando derrubamos os muros da nossa prisão e corremos para a liberdade, estamos, na verdade correndo para o pátio mais espaçoso de uma prisão maior.” (2011, p.165)

Nessa parte do livro, Harari ainda vai discorrer sobre alguns legados dos antigos Impérios como a escrita cuneiforme, o quipo dos povos andinos, os números arábicos, o código de Hamurabi, como já mencionado acima. E sobre o conceito de justiça na história, ao discorrer sobre a função das hierarquias sociais que permitem que estranhos saibam como tratar uns aos outros sem desperdiçar o tempo e a energia necessários para se tornarem pessoalmente familiarizados. Tratará, por exemplo, sobre a escravidão e a ideia de que leis e normas humanas transformam algumas pessoas em escravos e outras em senhores. Por exemplo, entre negros e brancos existem algumas diferenças biológicas objetivas, como a cor da pele e tipo de cabelo, mas não há nenhuma evidência de que essas diferenças se estendam à inteligência ou à moral.

Também trará a questão da hierarquia de gênero nessa parte do livro, segundo Harari (2011) todas as sociedades dividiram-se entre homens e mulheres. E em quase todos os lugares os homens foram privilegiados, pelo menos desde a Revolução Agrícola. No entanto, a divisão entre homens e mulheres é produto da imaginação ou uma divisão natural com raízes biológicas? Harari (2011) colocará uma questão importante, a de que “a biologia permite, a cultura proíbe”. Logo, segundo o livro, dentro da biologia há diversas possibilidades. Porém, a cultura obriga pessoas a concretizar algumas possibilidades e proíbe outras. Possibilidades essas que são: mulheres engravidarem, homens se relacionarem com outros homens, enfim. Sendo assim, como somos um país majoritariamente cristão, nossos conceitos de “natural” e “não natural” não são tirados da biologia, mas do cristianismo.

Nessa parte do livro ele trará a questão do sexo e do gênero. Sexo como uma categoria biológica e gênero como uma categoria cultural. Sexo é igual a masculino e feminino. E gênero é igual a homem e mulher (algumas culturas reconhecem outras categorias).

No entanto, as características “masculinas” e “femininas” são intersubjetivas e se alteram com o tempo. Vai trazer nessa parte também diferentes masculinidades do século XVIII por exemplo e do século XXI.

 

Parte três: Unificação da Humanidade

Nessa parte do livro o autor irá falar sobre rede de instintos artificiais que chamamos de cultura. Então vai tratar sobre as contradições na história:

 

Tais contradições são inerentes a toda cultura humana. Na verdade, são os motores do desenvolvimento cultural, responsáveis pela criatividade e dinamismo da nossa espécie. Desacordo em nossos pensamentos, ideias e valores nos compele a pensar, reavaliar e criticar. A consistência é o parque de diversões das mentes entorpecidas. Você consegue pensar numa só grande obra de arte que não se trate de conflitos? (HARARI, 2011, p.226)

 

Nessa parte será discutido a questão da cultura local e de que, nos últimos séculos todas as culturas foram alteradas a ponto de ficarem irreconhecíveis por conta de influências globais. Então, a primeira ordem global foi a ordem monetária. A segunda ordem global foi a política e a terceira ordem global foi a religiosa, as religiões universais são o cristianismo, o budismo e o islamismo.

Porém, a maior ordem e, o maior conquistador de todos os tempos foi o dinheiro, pois, pessoas que não creem nos mesmos deuses, nem obedecem ao mesmo rei estão dispostas a utilizar o mesmo dinheiro. Harari (2011) vai se dedicar em um capítulo a discorrer sobre a importância do dinheiro na história. O dinheiro como um meio universal de troca que permite que pessoas convertam tudo em praticamente qualquer outra coisa. Por exemplo:

 

É possível até mesmo converter sexo em salvação, como faziam prostitutas do século XV, ao dormir com homens por dinheiro que, por sua vez, elas usavam para comprar indultos da Igreja Católica. (2011, p. 243)

 

Dentro desse conjunto de crenças e ordens imaginadas que criamos historicamente, segundo Harari (2011), o dinheiro é o mais tolerante de todos. Pois, é o único sistema de crenças criados pelos humanos que pode transpor praticamente qualquer abismo cultural. Pelo dinheiro, até mesmo pessoas que não se conhecem e não confiam umas nas outras são capazes de cooperar de modo efetivo.

Nessa parte do livro também será discorrido sobre ideia de império e também analisado formas de impérios como entre os mesopotâmicos e romanos. Além disso será tratado sobre o surgimento das religiões politeístas na história até a conversão de impérios a religiões monoteístas como o cristianismo. E então:

 

“O sincretismo talvez seja, de fato, a única grande religião mundial”.

(2011, p.301)

 Além de também ser apresentado religiões que tem como princípio a lei da natureza que são principalmente o jainismo, o budismo, o confucionismo e o estoicismo. Credos que sustentam que a ordem sobre-humana que governa o mundo é produto de leis naturais e não de vontades e caprichos divinos. Ele discorre especialmente sobre a história do budismo ao longo das próximas páginas. [...]

E, como outras religiões baseadas em leis naturais também foi falado sobre o liberalismo, o comunismo, o capitalismo, o nacionalismo e o nazismo. Que não gostam de ser chamados como religiões, mas se referem a si mesmos como ideologias. Para Harari (2011), é apenas um exercício semântico, já que uma religião é um sistema de normas e valores humanos que se baseia na crença de uma ordem sobre-humana, o comunismo soviético é uma religião tanto quanto o islamismo. (HARARI, 2011, p. 307)

Harari vai apresentar as justificativas para demonstrar o caráter religioso dessas supostas ideologias e ainda apresentar um quadro sobre religiões humanistas: humanismo liberal, humanismo socialista e humanismo evolutivo. (HARARI, 2011, p. 313)

No livro, o autor apresenta um motivo para se estudar história que vale a pena mencionar aqui:

 

Sendo assim, por que estudar história? Diferente de física ou economia, a história não é um meio de fazer previsões exatas. Estudamos história não para conhecer o futuro, e sim para ampliar nossos horizontes, entender que nossa situação presente não é natural nem inevitável e que, consequentemente, existem mais possibilidades diante de nós do que imaginamos. (HARARI, 2011, p. 326)

 

Além de culturas diferentes que definem o bem e o mal de formas diferentes, não existindo um parâmetro objetivo pelo qual julgarmos. Podemos pensar aqui sobre o cristianismo e sua força em nossa cultura.

 

“Os vitoriosos, é claro, sempre acreditam que sua definição está correta”. (2011, p. 326)

 

Parte Quatro: Revolução Científica

 

Nessa parte do livro, Harari vai tratar especificamente a partir do século XVI e do contato dos europeus com os outros continentes. Uma definição da revolução científica como uma revolução da ignorância da espécie humana, segundo Harari (2011):

 

A Revolução Científica não foi uma revolução do conhecimento. Foi, acima de tudo, uma revolução da ignorância. A grande descoberta que deu início à Revolução Científica foi a descoberta de que os humanos não têm as respostas para suas perguntas mais importantes. (HARARI, 2011, p. 338)

 

Nessa parte do livro será tratado sobre o desenvolvimento científico e do casamento entre grandes impérios e a ciência. Foi abordado o Projeto Gilgamesh que se trata de um projeto científico que visa resolver o problema da morte. Alguns especialistas sérios sugerem que, por volta de 2050, alguns humanos terão se tornado amortais, não imortais porque ainda poderão morrer em decorrência de algum acidente, mas amortais, significa que suas vidas poderão ser indefinidamente estendidas.

Também foi discorrido nesse capítulo sobre o protagonismo da Europa nesse processo de dominação e desenvolvimento científico. Foi no século XV que a Europa se tornou uma incubadora de importantes avanços militares, políticos, econômicos e culturais. Que potencial a Europa desenvolveu no início da era moderna que lhe permitiu dominar o mundo no fim dessa era? Segundo Harari, foi a ciência moderna e o capitalismo.

E, sobre o casamento entre os grandes impérios e a ciência, é importante dizer que sem os esforços imperialistas, europeus modernos não teriam tomado conhecimento de boa parte dos impérios antigos do Oriente Médio e aspectos sobre sua linguagem, escrita, política e religião.

Enfim, foi discutido nessa parte da obra ainda sobre o liberalismo de Adam Smith e o culto ao livre mercado. Sobre as formas de energia antes e após a Revolução Industrial e sobre um novo tipo de ética: o consumismo. Sobre a produção de produtos com vida curta e a invenção deliberada de novos modelos que devemos comprar para não ficarmos de fora.

Ele (Harari) faz uma analogia interessante, diz que a maioria dos cristãos não conseguem imitar a Cristo, nem budistas conseguem imitar a Buda, mas a maioria das pessoas hoje conseguem vivem de acordo com o ideal capitalista-consumista. Essa é a primeira religião na história cujos seguidores realmente fazem o que se espera que façam. (HARARI, 2011, p. 468)

 

Somos mais felizes depois da Revolução Industrial e das inovações científicas?

 

Nesse capítulo foi discutido sobre os caçadores-coletores viverem de forma mais plena por conseguirem se conectar, por necessidade, ao momento presente. Sendo assim, por conta das revoluções, nosso mundo sensorial se tornou mais pobre se comparado com o de nossos ancestrais. E também, como ficarmos felizes e orgulhosos de nossos avanços e conquistas sem considerarmos as dores e o sofrimento de outros animais e do próprio meio ambiente?

E, a respeito da relação entre felicidade humana e processos evolutivos e revolucionários da história, segundo Harari (2011) é mais uma questão de química mesmo. Pesquisas sobre o cérebro humano demonstram pessoas com mais propensão à felicidade do que outras. Uma coisa que nos torna felizes é manipular nossa bioquímica, já que a felicidade duradoura só vem da serotonina, da dopamina e da oxitocina. (HARARI, 2011, p. 521)

O livro finaliza falando sobre a Profecia Frankstein e quando a ciência tenta criar um ser superior, mas ao invés disso cria um monstro. Para pensarmos sobre o que queremos querer de agora em diante. Pois, segundo Harari (2011), a pergunta correta não é “o que queremos nos tornar?”, mas “o que queremos querer?”


“Aqueles que não se sentem assombrados por essa pergunta provavelmente não refletiram o suficiente a respeito” (2011, p. 554)

 



REFERÊNCIA 


HARARI, Yuval Noah. Sapiens - Uma breve história da Humanidade. Trad. Janaina Marcoantonio. - Porto Alegre, RS: L&PM, 2020. 



 


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